A jornalista italiana Cecilia Sala, de 29 anos, foi detida em Teerã, no Irã, no dia 19 de dezembro, sob alegação de “ferir as leis da República Islâmica”. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (30) pela agência estatal iraniana Irna, que afirmou que o caso está “sendo investigado”.
De acordo com a Chora Media, editora italiana de podcast onde Cecilia trabalha, ela está presa na temida prisão de Evin. A jornalista também colabora com o jornal italiano Il Foglio.
Circunstâncias da detenção
Cecilia Sala chegou ao Irã em 13 de dezembro com um visto de jornalista e foi detida seis dias depois, um dia antes de seu retorno previsto à Itália, no dia 20 de dezembro.
A última publicação de Sala no X (antigo Twitter) foi em 17 de dezembro, quando compartilhou um link para seu podcast intitulado “Uma conversa sobre o patriarcado em Teerã”.
As autoridades italianas denunciaram a prisão como “inaceitável”. A embaixadora italiana no Irã, Paola Amadei, visitou Cecilia, que também conseguiu entrar em contato com sua família, segundo as autoridades iranianas.
Contexto político e tensão internacional
A detenção de Sala ocorre em meio a tensões diplomáticas envolvendo o Irã. Dias antes, dois iranianos foram presos nos Estados Unidos e na Itália, acusados de envolvimento em um ataque mortal contra soldados americanos na Jordânia.
Os iranianos, Mohammed Abedini (38) e Mahdi Mohammed (42), foram acusados de conspirar para exportar componentes eletrônicos dos EUA para o Irã, violando sanções. Esses componentes teriam sido usados em um ataque com drones que matou três soldados americanos.
Embora o Irã negue envolvimento no ataque, a detenção de Cecilia Sala é vista como parte de um padrão de prisões de cidadãos ocidentais ou com dupla nacionalidade no país, muitas vezes acusados de espionagem.
Entre os casos anteriores, estão o casal francês Cécile Kholer e Jacques Paris, presos desde 2022 sob acusação de espionagem após uma viagem turística ao Irã.
Histórico de negociações
O Irã tem utilizado detenções de estrangeiros como estratégia em negociações diplomáticas. Em junho, o país libertou dois suecos, incluindo um representante da União Europeia, em troca de um ex-oficial iraniano detido na Suécia.
Impactos e reações
A prisão de Cecilia Sala gera preocupação internacional e pressão sobre o governo italiano e organizações de direitos humanos. A acusação de “ferir as leis” levanta dúvidas sobre as condições enfrentadas por jornalistas estrangeiros no Irã, especialmente em um contexto de tensões políticas e repressão à liberdade de imprensa.
A situação de Sala reforça a complexidade do cenário político iraniano e os desafios enfrentados por profissionais da mídia em regiões de conflito e tensão diplomática.